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Coleção Alto Rio Negro - Silvio Vlach - rochas graníticas
Silvio Roberto Farias Vlach - Plutons Palermo e Rio Negro - Paraná, Santa Catarina/Brasil - Rochas graníticas
Os Plutons Palermo (ca. 250 km2) e Rio Negro (ca. 130 km2) afloram na região Alto Rio Negro (PR) e fazem parte da Província Graciosa, uma província Neoproterozóica (ca. 580 Ma) constituída por granitos e sienitos na região S-SE do Brasil. Em ambos os plutons afloram variedades de rochas graníticas, predominantes, e gabro-dioríticas, bem como rochas híbridas, principalmente granodioritos. Estes plutons apresentam zonamento em geral bem marcado, que é tipicamente inverso caso do Pluton Rio Negro. As rochas graníticas principais correspondem a sieno- e monzogranitos predominantes e álcali-feldspato granitos e quartzo monzonitos subordinados de natureza metaluminosa a levemente peraluminosa.
A localização dos Plutons na região Alto Rio Negro estão na divisa leste dos estados do Paraná e Santa Catarina, próximos da cidade São Bento do Sul -SC, Mandirituba - PR e Tijucas do Sul - PR.
Importância
A importância do conhecimento de que essa região apresenta falhas geológicas é de extrema relevância para áreas urbanas. É sabido que o desenvolvimento dessas falhas está associada à atividade sísmica no passado. Registros de terremotos, com epicentros situados na região amazônica, não são insignificantes e mostram que a região apresenta sismicidade natural recorrente. Exemplos da atividade sísmica na Amazônia foram os terremotos registrados em Manaus (1963 e 1980), Codajás (1983), Barcelos (1987) e Parque Nacional do Jaú (2005), dentre outros. Esses registros são tão significativos que resultou na determinação da Zona Sismogênica de Manaus (3).
Quais as implicações do processo tectônico e da sismicidade relacionada para áreas urbanizadas na Amazônia? Essa questão ainda não havia sido levantada. Para se ter uma ideia das possíveis implicações, duas importantes obras de engenharia estão sendo realizadas no rio Negro: a ponte sobre o rio Negro, com extensão de 3,5 km, que ligará Manaus ao município de Iranduba, e o gasoduto Coari-Manaus que será instalado sobre o leito desse rio.
Os estudos têm mostrado que a atuação das falhas geológicas causa significativas mudanças na paisagem amazônica, inclusive influenciando a dinâmica fluvial dos rios amazônicos. Mega migrações do rio Solimões, surgimento e o desaparecimento de bancos de areia, o desmoronamento de margens (fenômeno de terras caídas), e o abandono de leito são, muitas vezes, consequência indireta de processos tectônicos. Os exemplos desses mecanismos são alvo de alguns estudos recentes, como os de Bezerra (4), Souza Filho (5) e Latrubesse & Rancy (6).
A dinâmica das movimentações dos rios não é aleatória. Mega migrações e mudanças de leitos são frequentes e chegam a alcançar a ordem de algumas dezenas de quilômetros, cujos registros são os extensos pacotes de sedimentos, terraços e lagos ao longo da calha do sistema do rio Amazonas. Esses estudos quando associados aos registros geológicos, geomorfológicos e tectônicos possibilitam montar a paleogeografia dos rios amazônicos.