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A exposição virtual em comemoração aos 10 anos do LitoLab do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc/USP) celebra uma década de contribuições significativas para a pesquisa, ensino e preservação do patrimônio geológico. Por meio de uma personagem fictícia que trilhou sua trajetória acadêmica ao longo dos últimos anos no IGc, é possível compartilhar uma visão única da história do Litolab. Esta mostra propõe destacar não apenas o acervo do LitoLab, mas, sobretudo, as pessoas que o constroem, reforçando a importância do capital humano na manutenção e expansão do conhecimento. O objetivo principal é evidenciar que o acervo do LitoLab é reflexo do trabalho e dedicação de seus membros, sendo inseparável das pessoas que ali atuam. A exposição busca divulgar amplamente as ações realizadas no laboratório e as pesquisas associadas ao seu acervo, com foco na comunidade do IGc e, em menor escala, no público geral.
Nos meus primeiros anos de estágio, a Litoteca parecia distante de seu conceito, mais para um sonho do que uma realidade consolidada. As amostras ainda eram rochas anônimas, sem nome, sobrenome, filiação nem endereço. Eu, caloura do curso de geologia, colaborava em todos os processos que podia, movida pelo entusiasmo de quem ainda estava descobrindo o mundo acadêmico. O convívio com a técnica responsável me fez perceber que organizar uma coleção de rochas não era apenas uma questão de disposição em estantes, mas sim garantir que cada amostra se tornasse um objeto especial, preservado e valorado para pesquisas futuras. Eu estava apenas começando, mas aquela percepção começava a mudar minha forma de enxergar o acervo. Aluna de curso integral, estagiando na Litoteca, via minha vida pessoal e profissional desenrolando-se em meio àquelas rochas, arquivos, caixas e metodologias em desenvolvimento. A equipe estudava, buscava acervos de referência, realizava estágios e treinamentos em outros laboratórios e dedicava-se exaustivamente na elaboração de processos, metodologias, projetos e criação de documentações burocráticas. A finalização desta etapa de forma bem sucedida era crucial para a operacionalização de nosso projeto.
A Litoteca se aproximava cada vez mais de seus objetivos, e eu trilhava minha jornada de pesquisadora. Enquanto as rochas estavam preservadas, valoradas e acessíveis, eu ingressava no mestrado e me tornava pesquisadora. Como pós-graduanda, participei diretamente da organização do acervo e do desenvolvimento de pesquisas com as amostras. Foi nesse momento que a real importância do trabalho técnico ficou evidente para mim. Cada nova amostra que chegava ao LitoLab passava por um processo rigoroso de documentação e preservação, garantindo que estivesse acessível para estudos futuros. Percebi que a pesquisa avançava, em grande parte, graças à dedicação de quem estava nos bastidores, garantindo que o acervo estivesse sempre disponível e bem cuidado. Dedicação essa reconhecida de forma carinhosa por todos, meus professores e colegas de pós-graduação adoravam visitar o acervo e o laboratório, cujo espaço acolhedor convidava todos a ficar e tomar um café. Com a conclusão de diversas etapas do projeto de implantação da Litoteca e a conquista de meu diploma de Mestre, passamos a produzir textos sobre nossas conquistas. Publicações e participações em fóruns temáticos permitiram que compartilhamos conhecimento e experiências com alunos e profissionais da área.
Anos de dedicação, trabalho, produção de conhecimento e inovação resultaram na consolidação de nosso projeto. Enquanto a Litoteca se estabelecia como recurso didático e científico essencial para o IGc, tornei-me aluna do doutorado. Nosso laboratório tornou-se referência para muitos pesquisadores, e agora era composto para além de um acervo crescente, um local de desenvolvimento de pesquisas, de convívio acadêmico e de inovação e desenvolvimento de novas técnicas. Crescemos não só em número de amostras, mas também em relevância científica. O trabalho da equipe técnica desenvolveu um ambiente seguro, estável, respeitável e organizado, projetado para acolher rochas, mas que tornou-se também o nosso lugar de apoio e refúgio.
Áreas de estudo e pesquisa transformaram-se também em espaço de cafés e jardinagens, onde toda a equipe podia relaxar e conversar. A Litoteca tornou-se espaço de ciência mas também de pessoas, para além de repositório de conhecimento, disponível convidativamente para todos nós. À medida que as rochas trilhavam seu caminho de valorização, preservação, divulgação e acessibilidade, a Litoteca transformou-se em Laboratório de Preservação de Acervo Litológico. Eu, sempre presente e orgulhosa das conquistas, percorria minha jornada em busca da pesquisa perfeita.
A Universidade de São Paulo sempre foi meu sonho, e o Instituto de Geociências tornou-se parte central da minha vida, tanto acadêmica quanto pessoal e profissional. Passar uma década aqui foi um período de amadurecimento, onde cresci como adulta e me desenvolvi como cidadã, guiada pela ciência. O LitoLab, mais do que um espaço de aprendizado, foi um lugar de convivência e crescimento. Nele, laços importantes se formaram, tanto pessoais quanto profissionais, e cada momento passado lá contribuiu para a minha formação. O Jardim do IGc, em particular, sempre foi um refúgio. Longe da pressão dos estudos e do laboratório, o jardim oferecia um espaço de respiro, onde eu e meus colegas podíamos relaxar, conversar, compartilhar ideias e fortalecer nossas conexões. Para mim, ele se tornou um ponto de equilíbrio, lembrando-me que a trajetória acadêmica vai além do trabalho intenso; ela também envolve pausas para refletir, colaborar e desfrutar da convivência com os outros.
O acervo científico da Litoteca tornou-se uma peça central nas pesquisas que conduzi e em muitas outras que surgiram ao longo dos anos. O que antes parecia ser apenas um conjunto de amostras organizadas, agora era um tesouro científico, alimentado por décadas de trabalho e dedicação. O sucesso de nossas pesquisas não teria sido possível sem a estrutura bem organizada e mantida por aqueles que trabalham longe dos holofotes, garantindo que o acervo estivesse sempre pronto para servir à comunidade científica.
Quando o Projeto Memória foi criado, seu objetivo era documentar a trajetória por trás de cada coleção científica do acervo da Litoteca, bem como das pessoas que contribuíram para sua construção e consolidação. Participei com entusiasmo desse projeto, sabendo que a história geocientífica estava sendo relembrada e preservada, com a garantia de que, ao longo dos anos, permanecesse disponível e em boas condições para as pesquisas que realizamos e continuaremos a realizar.
Ao longo desses 10 anos, a Litoteca se expandiu para além dos muros do IGc. Parcerias com museus, treinamentos e colaborações com outras instituições permitiram que o acervo fosse amplamente utilizado. Durante essa jornada, a equipe técnica esteve sempre à frente, garantindo a manutenção e preservação das amostras, ao mesmo tempo em que compartilhava seu conhecimento com outras instituições. Essa troca de saberes foi fundamental para o crescimento da Litoteca e de todos nós que fizemos parte desse processo. Enquanto eu encontrava meu caminho, o LitoLab trilhava o dele. Paralelamente, nos desenvolvemos e nos apresentamos ao mundo. Minhas dissertação e tese foram publicadas enquanto os sites do LitoLab eram apresentados.
Hoje, ao olhar para trás, vejo o quanto a Litoteca cresceu e se tornou essencial para a pesquisa e o ensino. Mas o que mais me marcou, ao longo desses 10 anos, foi perceber que o acervo nunca se fez sozinho. Ele é resultado do esforço coletivo de todos nós, e do trabalho incansável da equipe técnica, que muitas vezes passa despercebida. Agora, como pesquisadora, reconheço que todo o conhecimento que produzimos ao longo desses anos só foi possível porque alguém, desde o início, estava lá, cuidando e garantindo que cada amostra estivesse pronta para ser estudada.
Eu tive o prazer de trabalhar no LitoLab neste ano de 2024, catalogando amostras de rochas que eu estudei na primeira etapa do meu doutorado. Duas coisas de lá me impressionaram de imediato: a organização impecável e o cuidado/carinho dedicado ao acervo. Todas as amostras são meticulosamente documentadas e preservadas, de tal forma que é fácil traçar sua história e garantir sua conservação para futuras pesquisas. Acredito que o LitoLab conecta tanto o passado, preservando um acervo valioso de amostras (algumas estudadas há muito tempo por grandes nomes da geologia brasileira), quanto o futuro, ao tornar possível o acesso de outros pesquisadores a essas coleções. Essa conexão é de extrema importância para o avanço da ciência, afinal, todo geólogo sabe a dificuldade e o esforço existentes por trás de cada amostra coletada em campo. Agradeço imensamente à Camila Sborja e ao LitoLab por proporcionarem um “lar” para as minhas amostras, que espero que possam ser novamente estudadas poroutros pesquisadores.
Henrique Albuquerque Fernandes (Aluno de pós-graduação do IGc – USP)
Ao conhecer o mundo das Geociências estudando na LiGEA, tive grandes oportunidades de conhecer e me aprofundar em temas como o geomagnetismo, geociências e educação ambiental. Atuei na usp com técnica de laboratório em Geomagnetismo pela FAPESP e também fiz minha iniciação cientifica na escola de geofísica da USP. Com o tempo passando e conhecendo melhor o curso e minha área de atuação, me deparei com uma certa parte obscura do instituto, um local que todos chamavam de porão e pouquíssimos chamavam de litoteca. Com o passar dos anos, tive a oportunidade de iniciar no projeto da professora Eliane, no qual visava uma melhor exposição e criação de um acervo de pesquisas mais estruturado e administrado, usando todas as pesquisas e amostras que estavam escondidos nesse “porão”. Em 2014 iniciei no projeto sendo a primeira a abraçar ele. Passei dias naquele local cheio de sujeira, pouco ventilado, com muitos morcegos e mal iluminado cavando dentro dos armários rolantes as memorias, as melhores amostras e as suas pesquisas que lá estavam. Cataloguei algumas amostras e correlacionei as suas pesquisas, isso tudo com ajuda de pessoas que foram cruciais para prosseguimos com o projeto. Conseguimos em um ano tirar do papel esse projeto e fazer realmente acontecer. Vi a nova litoteca criar forma com o novo local, acompanhei a instalação dos armários rolantes e vi as amostras e pesquisas catalogadas irem para esse local. Apresentei nesse tempo, no Congresso de Aprender com Cultura e extensão da USP, o projeto da litoteca e sua importância cultural e social para o instituto e para a comunidade científica. Nesse meio tempo, além da litoteca o jardim em frente a ela foi uma ação da Camila Sborja e minha, para transformar um antigo local abandonado e foco de dengue, em algo que agradasse e chamasse a todos, gerando uma intervenção ambiental a fim de ornar e criar um refúgio para todos do instituto e sendo a porta de entrada do litolab ou como hoje é conhecido a Litoteca.
Marina Flores
Agradecimentos
Agradecemos a todas as pessoas que, ao longo desses 10 anos, contribuíram de maneira significativa para a construção e consolidação do LitoLab. Cada profissional, pesquisador, estudante e colaborador que passou por aqui deixou sua marca e ajudou a transformar este espaço em um centro de excelência e inovação. Seu trabalho e dedicação são fundamentais para o legado que o LitoLab continua a construir, reforçando a importância do acervo e da pesquisa para a comunidade acadêmica e científica.
Nosso reconhecimento e gratidão a todos que fizeram e continuam fazendo parte dessa trajetória.
Ficha Técnica da Exposição Virtual
Título da Exposição:
LitoLab 10 Anos: Pessoas que Constroem Memórias
Curadoria:
Camila Hoshino Sborja
Prof. Dr. Jéssica Tarine Moitinho de Lima
Coordenação:
Prof. Dr. Valdecir de Assis Janasi
Projeto Expográfico Virtual:
Prof. Dr. Jéssica Tarine Moitinho de Lima
Acervo:
Laboratório de Preservação de Acervo Litológico (Litolab)
Produção de Conteúdo Digital:
Camila Hoshino Sborja
Prof. Dr. Jéssica Tarine Moitinho de Lima
Apoio Técnico e Tecnológico:
Maira Hanae Kikuchi
Danielle Lima Santo
Raísa Mendonça
Direitos de Imagem
As imagens, vídeos e demais conteúdos visuais apresentados nesta exposição são de uso exclusivo do LitoLab e dos seus colaboradores. Todos os direitos estão reservados e sua reprodução ou utilização, parcial ou integral, está proibida sem a devida autorização dos autores ou detentores dos direitos. As pessoas retratadas nas imagens concederam consentimento para sua utilização neste projeto, respeitando as normas vigentes de direitos autorais e de imagem.
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